Fumaça, clima de deserto e 'Chuva Preta': Oeste do Paraná enfrenta condições climáticas extremas


Foto: Kelvin Polasso - Toledo News

O Paraná amanheceu nesta quarta-feira, 11 de setembro, sob uma espessa camada de fumaça, consequência das queimadas que assolam diversas regiões do Brasil. A visibilidade foi significativamente prejudicada em várias partes do estado, enquanto a qualidade do ar se deteriora devido à alta concentração de fumaça na atmosfera. O cenário é especialmente crítico no Oeste do Paraná, onde o alerta é máximo devido a combinação de fumaça, calor intenso e baixa umidade, esta última que durante esta semana esteve equiparável aos níveis do deserto do Saara. Em Toledo nesta quarta-feira a umidade relativa do ar esteve em níveis baixíssimos, indicando uma mínima de 16,00%. 

A seca prolongada e a ausência de chuvas, agravadas por frentes frias que não chegam à região, criam um cenário de risco elevado para incêndios florestais. A fumaça, proveniente de queimadas na Amazônia, Pantanal e Sudeste, cobre o céu paranaense e impede a dissipação de partículas poluentes. Meteorologistas apontam que o retorno das chuvas em grande volume só é esperado a partir de outubro, o que prolonga essa condição alarmante. Apesar disso, nas regiões Oeste e Sudoeste do estado há previsão de chuva já para este final de semana, o que pode momentaneamente aliviar a situação.

Além dos efeitos visíveis no clima, a fumaça também afeta diretamente a saúde da população e o meio ambiente. A poluição respirada em algumas regiões é comparável à inalação de fumaça de cigarro, segundo especialistas. Essa crise ambiental reflete uma combinação de fatores climáticos e humanos, incluindo o aumento das queimadas e o desmatamento, que intensificam a seca e os problemas decorrentes da poluição do ar.

A situação no Paraná é tão grave que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu para o estado dois alertas vermelhos, o mais grave na sua escala. Um deles refere-se à onda de calor, que afeta principalmente as regiões Noroeste, Norte e Leste do estado. O outro alerta é sobre a baixa umidade, que atinge o Norte, Noroeste e Oeste, onde fica a cidade de Toledo. Essas condições aumentam ainda mais o risco de incêndios e trazem consequências sérias para a agricultura e o bem-estar da população.

Os meteorologistas do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) também alertam para a possível ocorrência de "chuva preta" nos próximos dias, um fenômeno raro no estado. A previsão é que o Oeste e o Noroeste do Paraná possam ser atingidos pela "chuva preta" entre a noite de sexta-feira, 13 de setembro, e sábado, 14 de setembro. Esse fenômeno ocorre quando as partículas de fumaça e poluentes se misturam com as gotas de chuva, resultando em uma precipitação de coloração escura. Embora não seja prejudicial diretamente ao ser humano, a "chuva preta" pode poluir águas superficiais e danificar a vegetação.

A crise ambiental e climática que o Paraná enfrenta é parte de um problema maior, que afeta grande parte do Brasil. A combinação de queimadas, seca e falta de chuvas exige medidas urgentes. O Governo do Paraná já decretou situação de emergência devido à estiagem, e a Defesa Civil emitiu uma série de recomendações para evitar a propagação de incêndios, como não utilizar fogo para limpeza de terrenos, não queimar lixo e fazer a destinação correta de resíduos vegetais.

Neste contexto de adversidades, a conscientização e a ação coletiva se tornam ainda mais necessárias para frear os danos ao meio ambiente e proteger a saúde da população. O cenário atual exige não apenas precaução, mas também um esforço conjunto para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e das ações humanas que agravam a situação no estado e no país.

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