Comitê intersetorial debate ações de combate à dengue em Toledo


Foto: Divulgação

Na tarde desta terça-feira (3), o Centro Municipal de Controle e Endemias de Toledo foi palco da sétima reunião deste ano do Comitê Municipal Intersetorial de Combate à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus. O encontro foi marcado por discussões sobre o cenário epidemiológico das arboviroses, apresentando um balanço detalhado do quadro da dengue na temporada 2023/2024, que se encerrou em 27 de julho. O evento também serviu para que fossem exibidas as atividades educativas realizadas desde o último encontro, em junho, além de dar início às discussões para a elaboração de um novo Plano Municipal de Ação para o enfrentamento das doenças abordadas pelo comitê.

A reunião começou com a apresentação dos dados do ciclo epidemiológico 2023/2024 em Toledo, que, a exemplo da maioria dos municípios e estados brasileiros, registrou dados recordes. No período de 1º/8/23 a 27/7/24, foram confirmados 10.234 casos, 16.396 notificações e 44 óbitos por dengue. “Há a preocupação das autoridades em todo o Paraná em relação a mais uma epidemia de dengue nos próximos meses, ainda mais que está em circulação o sorotipo 3 da doença, que há 10 anos não é registrado em nosso estado e para o qual as pessoas não têm defesa. Devemos nos lembrar que, a cada nova infecção, o risco de o paciente ter um agravo causado pela dengue aumenta”, alerta a secretária da Saúde, Gabriela Kucharski. “Por isso, é importante a presença de todos deste comitê para debatermos precocemente este assunto. Da nossa parte, já estamos criando condições para reforçar a coleta de amostras de pacientes com dengue para saber quais sorotipos estão presentes em nossa cidade”, complementa.

Desde o início do atual ciclo, o Departamento de Vigilância em Saúde tem publicado boletins semanais, atualizados sempre às sextas-feiras, na página dos informes epidemiológicos. Segundo consta na edição mais recente (30/8),  o município já confirmou quatro casos autóctones da doença, de um total de 311 notificações. Estes casos foram registrados nos bairros Coopagro, Bressan, Fachini e Santa Clara IV, mostrando a disseminação do vírus em diferentes áreas da cidade.“Em geral, na época mais fria do ano, há uma redução significativa de casos e notificações de dengue, mas essa calmaria não está sendo percebida no Paraná e nem em Toledo. Embora a maioria dos exames tenham retornado com resultado negativo, temos registrado uma demanda acima da média de atendimentos a pessoas com sintomas da doença em nossas unidades públicas e privadas de saúde”, analisa a diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Toledo, Juliana Beux Konno. “Todo caso suspeito é feito um bloqueio, uma ação ao redor da residência do caso notificado. Enquanto alguns agentes de combate a endemias fazem a limpeza no intuito de eliminar larvas e pupas, outro realiza a aplicação de inseticida por meio de bomba costal para coibir a fase alada do Aedes aegypti”, detalha.

Produtividade e indicadores 

Outro ponto de destaque foi a alta produtividade dos agentes de combate a endemias (ACE). De janeiro a agosto deste ano, foram visitados 270.988 imóveis, número que já se aproxima do total registrado em todo o ano de 2023, que foi de 285.213. Isso reflete o esforço contínuo da equipe em enfrentar o desafio diário de combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Durante a reunião, também foi apresentado o resultado do terceiro Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa) realizado em junho, que apontou um Índice de Infestação Predial (IIP) médio de 1,3%. O próximo levantamento está previsto para o final de outubro e início de novembro, e há planos de aumentar a frequência desse levantamento para seis edições anuais a partir de 2025.

O enfermeiro da Vigilância Epidemiológica da 20ª Regional de Saúde, Fábio Molina,  destacou que, apesar das notificações estarem acima do esperado com base na média dos últimos dez anos, o número de casos confirmados está dentro da estimativa prevista para o período. “Segundo os dados que chamamos de ‘canal endêmico’, podemos afirmar que estamos num período não sazonal, que deve ser visto como período preparatório. Todos devem estar atentos desde já, com ações constantes, sem dar trégua, eliminando os focos do Aedes aegypti”, aconselha.

Vacinação e notificações 

A reunião também abordou a vacinação contra a dengue, que, entre 2 de maio e 3 de setembro, resultou na aplicação de 2.374 doses em adolescentes entre 10 e 14 anos, com 1.882 primeiras doses e 492 segundas doses administradas. Outro tema explanado foi a mudança no sistema de notificações de dengue, implementada em junho.

Agora, as instituições de saúde inserem diretamente as informações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam), permitindo à Vigilância Epidemiológica um acompanhamento em tempo real e agilizando as medidas de contenção. “Era uma alteração de fluxo necessária e com impactos positivos, com ajustes sendo feitos para tudo estar bem organizado quando chegar o ápice de casos da dengue”, comenta.

Plano Municipal 

O comitê também apresentou as 12 ações educativas realizadas recentemente, a maioria delas envolvendo peças teatrais encenadas por agentes de combate a endemias em escolas e no projeto Florir Toledo. Além disso, foi solicitada a todos os membros do grupo de trabalho que enviem, até 30 de setembro, sugestões para o Plano Municipal de Ação para Enfrentamento da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus 2024/2025.

O documento está dividido em cinco eixos: Vigilância Epidemiológica, Vigilância e Controle Vetorial, Atenção à Saúde, Gestão, e Comunicação. Os integrantes do grupo de trabalho devem descrever brevemente a ação que deseja implementar, informando formato, cronograma e necessidade de apoio do Setor de Endemias. “Este plano será enviado para deliberação do Conselho Municipal de Saúde e, posteriormente, enviado à 20ª Regional. Peço aos participantes do comitê para que pensem primeiramente nas ações que podem ser feitas nos locais de trabalho e depois sugiram, caso desejem, atividades de maior alcance. O que resolve é a mudança feita pessoa por pessoa. O simples resolve mais que o complexo”, salienta Gabriela.

A próxima reunião do comitê está agendada para o dia 5 de novembro, às 14h, novamente no Centro Municipal de Controle e Endemias.

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